A IMPORTÂNCIA E O DEVER DO LEIGO EM ESTUDAR A HISTÓRIA ECLESIÁSTICA.




 

Quando falamos sobre história da Igreja , a religião ocupa o lugar mais nobre na história da humanidade . Ela consiste no conhecimento teórico de Deus e no culto prático, tal qual se tem formado, no decurso dos séculos , entre os vários povos. Na realidade são muitas as formas de religião . Mas a razão nos ensina que só uma pode ser verdadeira, e a apologética nos diz que esta é a que tem por fundador a Jesus Cristo e que nós chamamos Igreja Católica Apostólica Romana. Jesus Cristo fundou a sua Igreja para todos os tempos e para todos os povos.  Segundo tempo e povos , ela desenvolveu-se externa e internamente . O seu desenvolvimento externo, a sua difusão, as relações com os Estados , as perseguições que lhes fizeram com as armas do poder político e do espirito , é o que chamamos história externa da Igreja. O seu desenvolvimento interno , a evolução da sua constituição , que por vezes precisava de ser ampliada e reformada segundo as exigências do ambiente local e temporal , a fundação de institutos , a formulação determinada do culto e da doutrina em si imutável , o desenvolvimento das ciências e da disciplina , enfim todo este evoluir progressivo e orgânico que segundo os designios de Jesus Cristo, devia operar-se no decurso dos séculos , é  a história interna da Igreja. Considerando todo este processo , podemos definir a história eclesiástica como exposição cientifica do desenvolvimento externo e interno da sociedade visivel , fundada por Jesus Cristo para a salvação da humanidade.

Nesta definição da história da Igreja exprime-se, ao mesmo tempo , o seu fim : pesquisar e expor , clara e cientificamente , todas as manifestações da sua vida, todo o seu desenvolvimento , realizado no tempo e no espaço. Desta definição se deduz outrossim a grande importãncia da história eclesiástica. A história é antes de tudo , um meio para conhecer a Igreja , sociedade visível de todos os Cristãos . Não há outro meio , pelo qual se possa conhecer melhor a Igreja , do que a sua própria atividade , seu desenvolvimento externo e interno, a sua história . E como a história eclesiástica desperta o interesse dos cristãos , porque é a história daquela grande família a que pertencem , e que tem por chefe o próprio Filho de Deus. 
Mas, sendo a Igreja verdadeira depositária da revelação divina, a sua história é também um meio para conhecer as riquezas da verdadeira fé. É e sempre será uma apologia eficaz da religião católica e da Igreja , é e sempre será uma nova inconcussa de que a Igreja , apesar de todas as mudanças que sofreu no tempo e no espaço , é e será sempre essencialmente tal qual foi nos primeiros anos de sua existência .
Enfim , o católico e, em particular o teólogo reconhecerá , estudando a história da Igreja , que o florescimento do reino de Deus na terra depende, depois da graça divina , sobretudo da piedade , da sabedoria e do zelo de seus membros e, principalmente , de seus pastores . E conhecendo a Igreja pelo estudo da sua história , amá-la-á , e com ela há de viver e sentir . O desconhecimeneto da história eclesiástica , pelo contrário, afeta também as outras ciências teológicas e, por conseguinte , todo o sentimento eclesiástico e religioso. No entanto para alcançar  o seu fim , e para corresponder perfeitamente à sua importância , a história eclesiástica deve-se nortear por certas regras . Em primeiro lugar , ela tem de ser objetiva, ou seja deve-se deixar de lado todo o partidarismo , embora aquela objetividade absoluta , da qual fabularam certos espiritos liberais , seja uma quimera. A história deve em segundo lugar , deduzir-se das fontes primitivas que, por sua vez, devem ser minuciosamente examinadas , segundo as regras da critica externa e interna , devem ser explicadas pelas diversas disciplinas da propedêutica histórica. A história deve em terceiro lugar , seguir o metódo pragmático -genético que, em toda parte , procura os motivos , as causas , os conexos, dos vários fatos históricos . Errada é a consideração moderna da história de Machhiavelli, de Montesquieu e dos filosofistas : " Todo acontecimento histórico desenvolve-se necessáriamente da sua pressuposição e tem necessáriamente este ou aquele efeito. Toda via , há certas leis morais, tudo tem certa finalidade." Tal metódo nada tem que ver com o pragmatismo utilitarista que na história reconhece apenas um meio de sustentar e melhorar a vida. O verdadeiro pragmatismo teológico reconhece na história os designios da Providência divina.  E esta consideração nos leva a um quarto ponto: Sendo a igreja uma instituição composto não só de elementos humanos , mas também de elementos divinos , a história deve nortear-se pelos ditames da religião . Esta nem impede nem dificulta o método cientifico da história , pois a fé e a ciência não se contradizem . Ambas procuram a verdade , que é uma só.

Fernando Vanini de Maria

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