BREVE COMENTÁRIO SOBRE A LITURGIA DAS HORAS.


 Dentro de um paralelo entre a Sacrosantum Concilium e a Laudis Canticum, o Concílio Vaticano II ressaltou a importância da liturgia, afirmando que ela “é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força” (Sacrosanctum Concilium, n. 10). Destaca-se que o processo educativo e de formação dos cristãos deve trilhar uma via litúrgica e mistagógica, dando especial atenção às necessidades dos fiéis leigos, pois estes ainda carecem de uma assistência efetiva e afetiva. Entre os diversos atos litúrgicos, destaca-se a celebração eucarística. Pois, como diz o Concílio Vaticano II, os fiéis, “participando do sacrifício eucarístico, fonte e ápice e toda a vida cristã, oferecem a Deus a Vítima divina e com Ela a si mesmos” (Lumen Gentium, n. 11). Portanto, a Ceia do Senhor é o momento eminente da vivência mistagógica, do aprofundamento da relação com o Deus Uno-Trino. O Catecismo da Igreja Católica (1999, p. 331) nos ensina  que: “A Liturgia das Horas é destinada a tornar-se a oração de todo o povo de Deus”. Assim, destaca-se a relevância que a mesma deve exercer na espiritualidade cristã, ressaltando que seja uma prática tanto da hierarquia, quanto dos fiéis leigos. A Sacrosanctum Concililum explana que a finalidade da Liturgia das Horas é a consagração do ciclo diário pelo louvor de Deus. Tal visão nos apresenta uma proposta pedagógica de compreensão do transcurso do dia sob um prisma religioso que insere o fiel em um tempo sagrado. Compreendemos que o ritmo apresentado pelo Ofício Divino sintetiza o sentido unitário da vida cristã, correspondendo, assim, ao apelo de uma evangelização da realidade. Além do mais, por meio da celebração do Ofício Divino manifesta- -se a concepção histórica da mensagem cristã, um modo de entender o plano salvífico de Deus, mudando a ideia de tempo cíclico, mítico e primordial. Assim, compreendemos que a celebração das Horas propicia uma educação do sentido unitário da vida do homem, por meio de uma sensibilidade histórica e da manifestação de Deus. Portanto, é possível perceber que existe na Liturgia das Horas uma potencialidade de evangelização da realidade humana.

Seguindo o esforço de uma significação das atividades humanas, por meio de uma compreensão cristã, a Sacrosanctum Concilium recomenda “que também os leigos recitem o Ofício divino, ou com os sacerdotes, ou reunidos entre si, e até cada um em particular” (SC, n. 100). Tal recomendação explicita um novo olhar sobre a compreensão do leigo na comunidade eclesial. O caminho mistagógico da fé valoriza a expressão sentimental do fiel, pois promove uma experiência total do homem com Jesus, por conseguinte, evitando um mero sentimentalismo. Sendo assim, a Liturgia das Horas apresenta-se como uma proposta de amadurecimento da afetividade, dos sentimentos, pois são textos poéticos repletos de emoções. Qualquer experiência humana, de alegria e de dor, de angústia e de esperança, de tentação e de luta, de pecado e de arrependimento, se identifica nos Salmos. A leitura orante educa o olhar a ver as nuanças do texto e a saborear a mensagem. Nesta perspectiva se destaca a musicalidade dos salmos, que encantam com maior eficácia o espírito humano. Resumindo em poucas palavras a Constituição Apostólica Laudis Canticum ” A liturgia das Horas é  O CÂNTICO DE LOUVOR que ressoa eternamente nas moradas celestes, e que Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, introduziu nesta terra de exílio”.      

Após estudo e pesquisa segue então  como é desenvolvido a prática do oficio .

As diversas horas litúrgicas

As diversas horas de oração existentes atualmente foram-se formando e sofrendo alterações ao longo dos tempos. Além disso, não têm todas a mesma importância. Os dois principais momentos da Liturgia das Horas são as Laudes e as Vésperas. “As Laudes, oração da manhã, e as Vésperas, oração da noite, tidas como os dois pólos do Ofício quotidiano pela tradição venerável da Igreja universal, devem considerar-se as principais Horas e como tais celebrar-se” (Sacrosanctum Concilium 89). Segue-se em importância o Ofício das Leituras e, por fim, a Hora intermédia e as Completas.

Ao iniciar a primeira hora litúrgica do dia, seja ela Laudes ou Ofício de Leitura, é costume rezar o Invitatório, que serve de introdução à oração de todo esse dia.


Laudes
Trata-se da oração realizada de manhã, tendo como objetivo consagrar o dia a Deus. Recorda ainda a Ressurreição de Cristo, que está associada à manhã.

Vésperas
Celebram-se ao fim da tarde, aproximadamente à hora do pôr-do-sol. Tem por objetivo agradecer o dia que termina. Recorda ainda a morte de Cristo e a sua Última Ceia.


Ofício de Leitura
Outrora feito durante a madrugada, trata-se duma oração que pode ser feita a qualquer hora do dia, consistindo essencialmente numa leitura longa da Bíblia e dum texto patrístico, hagiográfico ou do Magistério eclesial.


Hora intermédia
É um nome recente dado ao conjunto de três horas chamadas “menores”, pelo fato de terem menos importância no contexto das horas litúrgicas. São elas:


Completas
São a última oração do dia, mais breve, rezada antes de deitar.


Outras horas:
Antigamente existiam ainda outras horas litúrgicas:

Matinas: Oração longa constituída por salmos e leituras bíblicas e patrísticas, para ser rezada durante a madrugada, foi adaptada após o Concílio Vaticano II, para ser celebrada a qualquer hora do dia, e recebeu nome de Ofício de Leitura.
Prima: uma das horas menores, como as da atual Hora intermédia, a ser celebrada pelas 7h00. Foi abolida pelo Concílio Vaticano II, por se sobrepor à hora de Laudes.

Note-se que estas horas foram suprimidas na atual Liturgia das Horas, mas continuam a manter-se no Ofício divino anterior à reforma litúrgica, de uso opcional.


Estrutura das Horas

Laudes (Oração da manhã)

· Invitatório : V. Abri, Senhor os meus lábios. R. E minha boca anunciará vosso louvor. V. Glória ao Pai... R. Como era...
· Salmo Invitatório (geralmente o 94, mas pode ser também o 23, o 66 ou o 99).
· Hino : um para cada dia, exceto em tempos fortes (quando o hino é próprio).
· Salmodia : dois Salmos intercalados por um Cântico do AT.
· Leitura Breve
· Responsório breve
· Cântico Evangélico : Benedictus
· Preces
· Pai Nosso
· Oração final

Horas Intermediárias (Nove, Doze, Quinze)
· Introdução : V. Vinde o Deus em meu auxílio. R. E minha boca proclamará vosso louvor. V. Glória... R. Como era..

· Hino (fixo para cada hora)
· Salmodia : Três Salmos ou 1 menor e outro maior dividido em duas partes
· Leitura breve
· Responsório breve
· Oração final


Vésperas (Oração da Tarde)


· Introdução : V. Vinde o Deus em meu auxílio. R. E minha boca proclamará vosso louvor. V. Glória... R. Como era..
· Hino : um para cada dia, exceto em tempos fortes (quando o hino é próprio).
· Salmodia : dois Salmos seguidos de um Cântico do NT.
· Leitura Breve
· Responsório breve
· Cântico Evangélico : Magnificat
· Preces
· Pai Nosso
· Oração final


Completas (antes do repouso da noite)

· Introdução : Vinde o Deus...
· Hino : fixo
· Salmodia : um Salmo ou dois
· Leitura breve
· Responsório breve (fixo)
· Cântico Evangélico : Nunc dimittis
· Oração final


· Antífona final à Nossa Senhora

Ofício das Leituras (sem hora marcada)

· Introdução : Vinde o Deus...
· Hino
· Salmodia : geralmente um Salmo dividido em três partes
· Leitura Bíblica
· Responsório breve
· Leitura Hagiográfica (de um santo) ou Patrística (de um dos primeiros escritores da Igreja)
· Responsório breve.
· Oração final


 FONTE DE PESQUISA E ESTUDOS: CONSTITUIÇÃO CONCILIAR SACROSANTUM CONCILIUM ; CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA LAUDIS CANTICUM / APOSTILA SOBRE ANO LITURGICO E LITURGIA DAS HORAS UNIVERSIDADE UCDB / WWW.LITURGIA DAS HORAS.COM.BR

Fernando Vanini de Maria

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