Os Atos dos Apóstolos nos contam que, antes de Pentecostes, o número dos seguidores de Cristo em Jerusalém era de aproximadamente 120 (Atos 1,15). Com a descida do Espírito Santo e o sermão de São Pedro àqueles que foram atraídos pela comoção, esse número cresceu. Alguns daqueles que ouviram Pedro foram batizados e se uniram aos discípulos de Jesus.
Os Apóstolos transformaram esses fiéis em uma comunidade, a primeira Igreja, em Jerusalém. O Livro dos Atos nos conta sobre eles:
- “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém, e o temor estava em todos os corações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros, que estavam a caminho da salvação” (Atos 2,42-47).
A primeira Igreja era caracterizada por elementos que ainda hoje são os sinais de qualquer Igreja viva: devoção à doutrina dos Apóstolos, às reuniões em comum, à fração do pão e às orações. A doutrina dos Apóstolos passou a ser expressa pelo Novo Testamento; o coração doutrinal da mensagem e proclamada no Credo. A “fração do pão” era o nome dado à Divina Liturgia no primeiro século; “as orações” eram os ofícios diários de sinagoga, os ancestrais de nossos Vésperas, Orthros e outros Ofícios diários.
Também, ainda hoje, encontramos as outras coisas mencionadas nessa passagem na vida da Igreja. Ainda há “muitos prodígios e milagres” realizados na Igreja pelos santos ou pelos ascetas. Fiéis ainda vivem de modo comunitário em monastérios, onde o pouco que se tem é geralmente destinado a quem tenha necessidade. Muitos monastérios recebem, regularmente, peregrinos que participam de seus ofícios diários e aproveitam a hospitalidade dos monges. O que os Apóstolos e os primeiros fiéis faziam em Jerusalém continua sendo o padrão para a nossa Igreja hoje.
Fernando Vanini de Maria