ECUMENISMO HOJE PARTE 2 - A IMPORTÂNCIA DO ECUMENISMO PARA A VIVÊNCIA PLENA DA NATUREZA E MISSÃO DA IGREJA.

 


O mundo de hoje convive com uma gama de religiões alimentadas por diversas doutrinas, múltiplos princípios, simbolismos e rituais dos mais diversificados, todas voltadas para o espectro de um deus ou de vários deuses, a quem cultuam com respeito e adoração. Neste contexto encontra-se a religião cristã, com sua inegável contribuição à humanidade junto à ciência, à arte, à arquitetura, à criação das universidades européias, à origem do Direito Internacional e tantos outros méritos que não caberiam nesta dissertação. Mas não se pode deixar de acentuar que esta mesma religião em oportunidades diversas se mostrou como sinal de contradição, quando do cometimento de graves erros, de múltiplas falhas praticadas por membros de sua hierarquia ao longo de sua secular trajetória. Erros e falhas que contribuíram decisivamente para a eclosão dos grandes cismas, daí o cristianismo encontrar-se dividido em três importantes segmentos: católico, ortodoxo e protestante, o que desatende a vontade de seu fundador, Jesus Cristo. Tais fraturas foram motivadas principalmente por dois grandes cismas, datados de 1054 e 1517. Partindo no princípio bíblico contido em Jo 17, 20-211 , Jesus enuncia seu pedido ao Pai quando Ele clama: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. Conscientes de sua divisão estas Igrejas vêm fazendo um trabalho em comum, por via de um diálogo difícil e por vezes conturbado, voltadas para suas verdades teológicas, geradoras de seus pragmáticos princípios eclesiológicos, os quais, não raro, se constituem em fendas que não permitem a caminhada no necessário avanço dialético. Como já estudamos a palavra “ecumenismo” tem sua origem no termo grego oikoumene e pertence a uma família de palavras aplicadas a diversos significados, de acordo com o seu termo-raiz. Citando apenas dois exemplos, oikos dá o sentido de casa, aposento, povo, já oikoumene, significa terra habitada, mundo conhecido. A caminhada ecumênica surgiu como um apelo do Espírito Santo às Igrejas cristãs, dispersas , para que juntas testemunhassem o Cristo. A busca de restauração da unidade vem envidando grandes esforços nas mais diversas confissões religiosas que participam do movimento ecumênico. O Decreto Conciliar Unitatis Redintegratio sobre o ecumenismo mostra bem este anseio existente na Igreja Católica e em outras confissões religiosas.

Vivemos hoje num mundo no qual nada mais é necessário e urgente que a paz. Sem paz não há alegria, justiça e amor, além de tantas outras condições que os homens necessitam para a vivência de seu dia-a-dia. A ausência de paz incide com maior violência justamente sobre os menos favorecidos. A inexistência da paz anula o ser humano, por lhe impingir, seja qual for sua classe social, o direito de viver, de pensar, de produzir fisicamente e intelectualmente, causando-lhe um empobrecimento que lhe tira o sentido de vida. Ecumenismo não tem por meta produzir  a unidade cristã. Isto é obra do Espírito Santo que chama e cria a fé. O objetivo do ecumenismo é bem mais modesto, pretende fazer visível  a unidade que em Cristo já existe. Trata-se de concretizar a comunhão dos discípulos de Jesus, de dar-lhe forma, estrutura e expressão. Mas também nessa perspectiva a tarefa ecumênica é nada fácil. Uma das tarefas urgentes para os cristãos hoje em dia  é a descoberta do modo pelo qual poderão responder ao apelo de seu Senhor. Todos nasceram para Deus “na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”; nela receberam o Batismo, nela se tornaram Igreja. Devem então viver uma vida reconciliada com todos, especialmente com aqueles que, como eles, professam a fé no Deus Uno e Trino. Entretanto, esta é uma tarefa bastante árdua. O esforço por essa unidade cabe aos cristãos, mas a concretização da obra será do Espírito Santo, que arranca o que divide e santifica e unifica a todos e a todas as coisas.

Fernando Vanini de Maria

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