TEOLOGIA DA ANAMNESE: ASPECTOS BÍBLICOS E TEOLÓGICOS

 


Resumo

 O artigo discute a teologia do memorial, tendo como pano de fundo, a perspectiva bíblico-teológica de construção do conceito de “memória”. Para tanto, vislumbramos que o vocábulo hebraico zikkaron significa recordação, memorial e, no contexto veterotestamentário expressa o sentido de atualização do evento salvífico do passado, no hoje do culto judaico. Tal teologia é assumida no Novo Testamento – pela palavra grega anámnesis – que corrobora o sentido de memorial que presentifica, sob o véu dos sacramentos, o evento Pascal. Assim, no artigo buscaremos investigar a teologia anamnética, tendo o mundo bíblico-judaico do Antigo Testamento como horizonte. O projeto do texto possui limitações, nosso intento é apresentar, ainda que laconicamente, a teologia anamnética, no contexto da memória litúrgica. 

Palavras-chave: Teologia do memorial. Zikkaron. Liturgia.

Introdução 

Jesus ordenou aos discípulos durante a Ceia Pascal: “Fazei isto em minha memória”1 (toûto poeîte eis ten emèn anámnesin). Este é o mandato do Senhor: fazer anamnese. A comunidade dos discípulos buscou ser fiel a este mandato celebrando ininterruptamente a Eucaristia. Recolhendo esta memória de forma especial nas Orações Eucarísticas a Igreja expressa na ação litúrgica a anamnese ou memorial pedido pelo Senhor na Ceia. Neste artigo buscaremos investigar a teologia anamnética, tendo primeiramente como pano de fundo o mundo bíblico-judaico do Antigo Testamento. O nosso intento é apresentar, ainda que resumidamente, a teologia anamnética como mandato de Jesus, tanto historicamente como seu sentido escatológico. Portanto, não esgotaremos o sentido bíblico e teológico da mesma, mas apenas a apresentaremos, no contexto da memória litúrgica.

 O Zikkaron judaico

O vocábulo hebraico zikkaron2, da raiz zkr, significa recordação, memorial. No contexto bíblico veterotestamentário expressa muito mais do que a simples recordação de um fato do passado. No Novo Testamento é traduzido pela palavra grega anámnesis. Segundo B. Neunheuser, este termo ocorre em contextos litúrgicos e cúlticos. Isso pode ser verificado nas perícopes: Lc 22,19; 1 Cor 11,24-25 e Hb 10,3. No Antigo Testamento as formas da raiz hebraica zkr3 ocorrem cerca de 230 vezes, o que indica sua importância na teologia veterotestamentária4 . O zikkaron está associado à história da salvação e possui um caráter antropológico, pois “fazer memória” é uma característica tipicamente humana. Ao fazer memória, o homem torna-se capaz de superar as experiências efêmeras experiências e compreender-se como pessoa histórica. Deus se revela na história fazendo-a uma história de salvação, por isso a memória é o pressuposto indispensável para o encontro da pessoa com o Mistério. Decorre, portanto, que do encontro do homem com o Mistério é que se pode viver a atitude de perene ação de graças, quando se assume a história humana como sendo Historia Salutis. Assim, “fazer memória” (zikkaron) para Israel era reconhecer a ação de Deus que caminha com seu Povo e a sua ação salvadora. Ao realizar o memorial, os israelitas reviviam, antes de tudo, o Êxodo. Recordavam também os outros acontecimentos importantes da sua história: a vocação de Abraão, o sacrifício de Isaac, a aliança do Sinai, as numerosas intervenções de Deus em defesa do seu Povo. Esta memória das ações salvíficas, não ficava presa aos eventos realizados por Deus em favor de Israel. A cada vez que era celebrada, ela permitia que as mirabilia Dei, de outrora se tornassem atuais e operantes5.

2 Fundamentos bíblicos do conceito cultual de ‘memorial’ no Antigo Testamento

O memorial judaico concretiza-se nas festas: do purim (Est 9,28), dos taberláculos (Lv 23,33s) e de maneira densa na páscoa anual. Na celebração anual da páscoa podemos ver o zikkaron no núcleo da liturgia pascal, ao observar o rito desta liturgia judaica percebe-se claramente que o objetivo é impedir que a ação salvadora de Deus caísse no olvidamento. A perícope do Êxodo (Ex 12, 1-14.28), atesta a eficácia do sangue como um sinal de pertença e de proteção – um sinal de aliança. O versículo 13 afirma que “O sangue, porém, será para vós um sinal”. É um sinal dado em prefiguração simbólica, pois ainda escravo no Egito, pelo sinal profético se anuncia a saída. Esse sinal deverá, pois, ser retomado pelas gerações subsequentes, para que seja memorial da redenção. No v. 14 o hagiógrafo afirma que “Este dia será para vós um memorial (le-zikkaron), e o celebrareis como festa para Iahweh; nas vossas gerações a festejareis; é decreto perpétuo”. A páscoa israelita de saia do Egito marcou tão profundamente Israel, que este evento se tornou dia de festa. Como demonstra a perícope, a páscoa é memorial, deve acompanhar Israel “nas vossas gerações” como decreto perpétuo. A páscoa é refeição memorial (le-zikkaron) que se realiza no contexto celebrativo-cultual. Com a expressão ‘esse dia será para vós como memorial (zikkaron)’ (Ex 12, 14), o imperativo quer significar que o sinal e o evento não esgotam nessa ocasião suas potencialidades teológicas. Percorrendo esta perícope, M. Thurian afirma:

"Cada geração de israelitas devia considerar-se não somente como membros de um povo que Deus, no passado, tinha chamado à vida, mas como sendo pessoalmente liberto por ele e feito participante de sua aliança (Dt 5,2; 29,13 s). Esta refeição, como toda refeição, seria um meio de renovar os laços que preservavam a unidade do povo de Israel. Enquanto refeição feita em memória (zikkaron) do grande ato-lembrança de seu Deus, e à imagem daquele que eles tinham no momento de sua intervenção, ela constituiria um meio de renovar o laço que os unia como povo resgatado. Em certo sentido, seria um meio de comungar com esse acontecimento passado ou com seus efeitos"6. 

O mandato memorial desempenha na instituição do sacramento vétero-testamentária a função de “ordem de interação”, em que, a figura do cordeiro pascal não remete somente ao futuro imediato (passagem pelo Mar), mas remete, sobretudo, ao “futuro longínquo” dos filhos de Israel. Ainda que não fisicamente tenham passado pelo Mar, pela fé passarão, e isto, pelo memorial (zikkaron). A orientação do sinal (ceia, cordeiro, sangue) ao futuro longínquo, em que dado numa situação concreta, supera os limites dessa situação e se torna desse modo ‘memorial’. Um sinal, pelo qual, a comunidade fará memória ritual daquele evento. Contudo, pode-se indagar: Como um evento irrepetível na história pode ser vivenciado em outro momento da história? Como resposta a questão deve-se inicialmente ponderar que de fato um evento do passado não pode ser ‘re-vivido’, pois a história é contingente. No entanto, o rito pode redirecionar esta realidade do passado, pois o rito é a repetibilidade, uma interação. É um retorno que presentifica a eficácia salvífica do evento fundador, por mediação do sinal profético. O retorno à irrepetibilidade do evento fundante (a passagem pelo Mar) e do sinal profético (ceia no Egito) correspondem a repetibilidade inerente ao rito. Assim, o evento fundador da passagem dos israelitas pelo Mar Vermelho permanece irrepetível, pois é um evento único. Mas, pelo sinal profético o evento fundador não se detém no passado, mas pela mediação da ritualidade há uma correspondência. Fica explícito que o zikkaron no Antigo Testamento não é uma mera recordação, um simples trazer à memória o passado, mas é um meio de atualizar o acontecimento salvífico ocorrido no passado, que se atualiza no ‘hoje’ da história pelo culto. O zikkaron é a possibilidade de Israel fazer história, pois passa a se recordar nos fatos ocorridos: pois se Deus havia intervido na história passada, salvando o povo através da páscoa do Egito, continuará a salvá-lo nas contingências e vicissitudes históricas. Ainda que aparentemente escondido em sua Transcendência, o Deus salvador, está presente na história. Os Escritos do AT ao utilizarem o termo hebraico zkr não buscam expressar uma imagem presa no passado, mas fazer surgir uma realidade sempre escondida e sempre presente. O zikkaron no Antigo Testamento é o memorial da refeição pascal, pelo qual, se fazia memória das ações de Deus, atualizando o acontecimento histórico que a festa anual da páscoa quer celebrar, ou seja, o êxodo de povo de Israel rumo ao deserto para prestar culto. E no culto ‘se recorda’ (zikkaron) o acontecimento fundador que presentifica novamente a densidade salvadora deste acontecimento7. Assim, se expressa J.-M. Tillard:

"A refeição pascal era o memorial, o zikkaron, pelo qual se fazia a ‘memória’ da intervenção salvífica de Deus para os Pais do Êxodo, intervenção fundadora da história do Povo de Deus. [...] no Memorial litúrgico, a lembrança do acontecimento ‘comemorado’ encontrase sempre ligada a um desdobramento de forma diferente do dinamismo que a acompanhava e a sustentava. Com o simbolismo, o dinamismo original deve manifestar-se de novo. Quando Deus ‘se lembra’, ele age; quando ele ‘se lembra’ do acontecimento fundador da história de Israel, ele torna presente de novo a densidade histórica deste acontecimento. Esta era a finalidade da refeição pascal. [...] A noite de Páscoa torna-se, assim, a noite na qual, revivendo como memorial (anamnese) o acontecimento da salvação dos Pais, encontravam-se de novo tomados pelo seu poder, na espera do acontecimento definitivo da Salvação"8.   

Nas perícopes veterotestamentárias que apresentam a temática do memorial encontram-se duas nuanças de sentido: a primeira quando o próprio Deus é sujeito de recordação, e no segundo quando é o homem o sujeito da memória. No primeiro caso, Deus aparece como sujeito do verbo skr, demonstrando que a raiz hebraica skr é essencial para a auto-revelação de Deus. Não como simples ‘recordar-se’ de Deus, mas é antes um comportamento que leva o próprio Deus a intervir na história de forma salvífica. Deus ‘recorda-se’ de intervir na história de seu Povo. Por fim, o segundo modo é quando o homem é o sujeito de skr, passa a ‘recordar-se’ dos eventos salvadores de Deus9. Há, pois, um duplo movimento memorial nas perícopes veterotestamentárias, uma em relação ao homem que faz memória dos atos salvadores de Deus e o outro se refere ao próprio Deus como sujeito de ‘recordar-se’ de que tem que intervir na história para salvar, assim se expressa J. Tillard: “Quando Deus ‘se lembra’, ele age; quando ele ‘se recorda’ do acontecimento fundador da história de Israel, ele torna presente de novo [...]”10. Portanto, o zikkaron não é ação somente do Povo de Israel, mas o próprio Deus faz zkr. Quer seja Deus ou o homem o sujeito da recoração, em suma, trata-se sempre de uma memória-ação de graças, pois Deus no seu ‘recordar-se’ age concedendo a salvação. Para o homem o ‘recordar-se’ é rompimento de ação de graças, reconhecimento de Deus que salva. 

3 O mandato memorial de Jesus: “Fazei isto em minha memória”

O culto cristão assume do judaísmo veterotestamentário a compreensão do memorial como recordação do evento salvífico que se atualiza no hoje da celebração litúrgica. Assim, como para os judeus o zikkaron presentifica as Mirabilia Dei do evento fundador, no caso, o êxodo com sua refeição pascal (Pessach), para os cristãos a Eucaristia é ‘memorial’ – zikkaron, não se limitando a recordar, mas atualiza sacramentalmente a paixão, morte e ressurreição do Senhor, compreendendo o Mistério Pascal, como sendo a maior, definitiva e perene ação salvadora de Jesus que nos deu na sua Ceia derradeira o mandato: “Fazei isto em minha memória”11. Essas palavras de Jesus na última Ceia foram conservadas no Novo Testamento em duas passagens: Lc 22, 19 e em 1 Cor 11, 24. Este mandato possui o mesmo sentido do zikkaron veterotestamentário que estava presente em todas as festas religiosas de Israel, mas que se manifesta plenamente na celebração da Páscoa. O mandato de Jesus de fazer memória (anamnese) deve ser interpretado no sentido pleno que o termo zikkaron teve na linguagem veterotestamentário. Pois foi no contexto da festa judaica da Páscoa que Jesus realiza sua Ceia de despedida. É no quadro da teologia do zikkaron veterotestamentário que se deve buscar o sentido do memorial de Jesus. Assim o memorial não pode ser compreendido fora do quadro da tradição litúrgica neotestamentária. O sentido profundo das palavras de Jesus na Ceia, “Fazei isto em memória de mim”, deve ser entendido à luz da teologia do memorial de Israel.

Na Ceia Jesus inseriu a doação de seu corpo e sangue no zikkaron veterotestamentário. Segundo J. Gopegui ao inseri-lo, Jesus transforma o memorial, levando-o a plenificação, pois a ação salvífica de Iahweh, rememorada todos os anos na noite Pascal “[...] com o intuito de manter viva a esperança messiânica e suplicar sua realização, cumprem-se na comunhão das bênçãos divinas na mesa do Messias”12. Assim, como na economia veterotestamentária havia o ‘sinal profético’ (última ceia no Egito) e o ‘evento fundador’ (passagem pelo Mar), no Novo Testamento encontramos similitude. Jesus realizou uma ‘última ceia’ com seus discípulos (sinal profético), em que, antecipa o ‘evento fundador’ sua paixão, morte e ressurreição. O ‘sinal profético’ da ceia realizado “na véspera de sua paixão” e o ‘evento fundador’, o Mistério Pascal de Jesus, se implicam mutuamente. Ou seja, a paixãomorte-ressurreição de Jesus é teologicamente incompreensível sem a ceia pascal, assim como, no Antigo Testamento, a passagem pelo Mar é teologicamente impensável sem o quadro teológico da última ceia na véspera da fuga do Egito. Há uma relação amiúde entre o ‘sinal profético’ (pão e vinho – refeição) e o ‘evento fundador’ (paixão-morte-ressurreição de Jesus), que a teologia neotestamentária expressa a partir da categoria teológica de ‘comunhão’. Vide a teologia paulina: “O cálice da bênção que abençoamos, não é acaso comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos, não é acaso comunhão com o corpo de Cristo?” (1 Cor 10,16). Mergulhando na teologia neotestamentária, os Pais da Igreja e a própria liturgia a expressão com os termos, tais como: “sacramento, tipo, sinal, figura, semelhança”. A teologia da presença do ‘sinal profético’ no ‘evento fundador’ na compreensão neotestamentária e patrísticolitúrgica, são na verdade, um prolongamento do Ex 12,13, em que, o hagiógrafo afirma que o sangue seria um sinal. Ao dizer: “Isto é o meu corpo. [...]. Este cálice é a nova aliança em meu sangue”, Jesus estabelece a relação de ‘sinal profético’ com o pão e o vinho na última ceia. Anunciando, portanto, profeticamente o que aconteceria em seu ‘evento fundador’, a Páscoa. Na teologia veterotestamentária encontra-se uma relação não só com o passado, mas também com futuro. Jesus por sua prefiguração na Ceia, que é irrepetível, anuncia o futuro imediato (a sua morte de cruz e ressurreição) e se abre para o futuro longínquo (prefiguração litúrgica – ritual).

Na Ceia Jesus inseriu a doação de seu corpo e sangue no zikkaron veterotestamentário. Segundo J. Gopegui ao inseri-lo, Jesus transforma o memorial, levando-o a plenificação, pois a ação salvífica de Iahweh, rememorada todos os anos na noite Pascal “[...] com o intuito de manter viva a esperança messiânica e suplicar sua realização, cumprem-se na comunhão das bênçãos divinas na mesa do Messias”12. Assim, como na economia veterotestamentária havia o ‘sinal profético’ (última ceia no Egito) e o ‘evento fundador’ (passagem pelo Mar), no Novo Testamento encontramos similitude. Jesus realizou uma ‘última ceia’ com seus discípulos (sinal profético), em que, antecipa o ‘evento fundador’ sua paixão, morte e ressurreição. O ‘sinal profético’ da ceia realizado “na véspera de sua paixão” e o ‘evento fundador’, o Mistério Pascal de Jesus, se implicam mutuamente. Ou seja, a paixãomorte-ressurreição de Jesus é teologicamente incompreensível sem a ceia pascal, assim como, no Antigo Testamento, a passagem pelo Mar é teologicamente impensável sem o quadro teológico da última ceia na véspera da fuga do Egito. Há uma relação amiúde entre o ‘sinal profético’ (pão e vinho – refeição) e o ‘evento fundador’ (paixão-morte-ressurreição de Jesus), que a teologia neotestamentária expressa a partir da categoria teológica de ‘comunhão’. Vide a teologia paulina: “O cálice da bênção que abençoamos, não é acaso comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos, não é acaso comunhão com o corpo de Cristo?” (1 Cor 10,16). Mergulhando na teologia neotestamentária, os Pais da Igreja e a própria liturgia a expressão com os termos, tais como: “sacramento, tipo, sinal, figura, semelhança”. A teologia da presença do ‘sinal profético’ no ‘evento fundador’ na compreensão neotestamentária e patrísticolitúrgica, são na verdade, um prolongamento do Ex 12,13, em que, o hagiógrafo afirma que o sangue seria um sinal. Ao dizer: “Isto é o meu corpo. [...]. Este cálice é a nova aliança em meu sangue”, Jesus estabelece a relação de ‘sinal profético’ com o pão e o vinho na última ceia. Anunciando, portanto, profeticamente o que aconteceria em seu ‘evento fundador’, a Páscoa. Na teologia veterotestamentária encontra-se uma relação não só com o passado, mas também com futuro. Jesus por sua prefiguração na Ceia, que é irrepetível, anuncia o futuro imediato (a sua morte de cruz e ressurreição) e se abre para o futuro longínquo (prefiguração litúrgica – ritual).

4 A dimensão escatológica do memorial

A dimensão escatológica do memorial na bibliografia especializada é frequentemente negligenciada parcialmente ou é pouco desenvolvida. J. Ratzinger sublinha que o memorial não tem relação somente com o passado e o presente, mas também com o futuro, a dimensão escatológica. A anamnese “[...] é a lembrança, celebração pelo ser humano, da ação salvadora de Deus, mas também um apelo a Deus do que resta a fazer; é o apelo da esperança e da confiança para o que vai vir”15. Revelando, portanto a esperança do cumprimento pleno da salvação que paulatinamente vai crescendo na consciência eclesial, como atesta a teologia do NT. Como é explícito na primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses, mas que comparado à ulterior teologia percebe-se uma postergação da eminente vinda de Cristo. O evento salvífico no passado, pelo rito abre-se para o futuro, este é o modo como Israel compreendia o zikkaron (recordação). Como bem sublinha a propósito Ratzinger ao afirmar:

"Memorial’ não tem relação somente com o passado e o presente, mas também com o futuro: é a lembrança pelo ser humano, da ação salvadora de Deus, mas também um apelo a Deus do que resta fazer; é o apelo da esperança e da confiança para o que vai vir"16.

Assim, Jesus compreendia que o evento pascal do êxodo não se detia no passado da história de Israel, mas estava aberto para o futuro, para as futuras intervenções salvíficas de Deus no caminho aberto pelo êxodo primordial, que se abriria para os êxodos contínuos da história de Israel. Por isto, Jesus assume esta abertura para o futuro atualizando de uma vez por todas (Hb 9,26)17. Ou seja, Jesus na última Ceia insere esta, na Ceia pascal israelita, abrindo-a para o futuro, como sendo a nova e eterna Aliança. É possível estabelecer uma relação entre as quatro etapas de uma mesma Páscoa: a páscoa de Israel (páscoa fundante-figura-profecia), páscoa de Jesus na Ceia derradeira (páscoa fundamental-realização), bem como, a páscoa eclesial (páscoa memorial-sacramental) e por fim, a páscoa escatológica (núpcias do cordeiro). Uma Páscoa em etapas. Não etapas estanques, mas uma única Páscoa que se desdobra necessariamente em etapas. Para compreender o sentido da Ceia de Jesus como evento atualizado no ‘hoje’ do memorial, remontamos ao ‘ontem’ da páscoa judaica, mas faz-se igualmente necessário lançar-se no ‘amanhã’ da Ceia definitiva, da Ceia escatológica. M. Thurian considera, com efeito, que se damos graças a Deus pela páscoa do passado (páscoa de êxodo) que se atualiza pelo memorial na páscoa atual (páscoa sacramental), igualmente esta se torna penhor da páscoa escatológica, perfeita e definitiva18. A dimensão escatológica do rito pascal, sobretudo, nos últimos séculos do judaísmo é que se aprofundou, principalmente pelo movimento apocalíptico que gerou uma literatura apocalíptica no AT. Evidenciando assim, que a esperança judaica se alimenta na páscoa, em vista, de um futuro salvífico-messiânico. A páscoa passou a ser para o povo judeu, alimento de esperança messiânica, de uma salvação definitiva no futuro, a chegada do messias-salvador da parte de Deus. O rito pascal evidencia esta dimensão messiânico-escatológica como corrobora dois testemunhos: E. Kilmartin e de J.-M. Tillard. Para E. Kilmartin, no período que precede a era cristã, o judaísmo concebia a festa da páscoa, como festim messiânico. Portanto, destaca que a festa pascal tinha adquirido uma tônica nova, tinha se tornado a mais messiânica de todas as festas do povo judeu. Havia, segundo o autor, uma sólida tradição em relacionar a tríade: páscoa, memorial, escatologia. A tradição afirmava que o Messias escatológico viria estabelecer seu reino com o festim da páscoa19. O outro testemunho é o de J.-M. Tillard, segundo o qual, a celebração da páscoa judaica destacando o rito dos cálices, revestia-se de um pleno significado messiânico. Dentro deste rito do cálice, destaca que às vezes “[...] chegavam a encher um cálice para Elias, porque esperam que o Messias voltará em uma noite pascal”20. Destes testemunhos da dimensão escatológica presente no memorial israelita evidencia-se que o povo de Deus já no AT celebrava o zikkaron numa perspectiva de rememoração dos eventos do passado, de atualização do evento no hoje da história, mas abrindo-se para o futuro. O memorial israelita da libertação do povo do Egito nunca perdeu o seu olhar dirigido ao futuro, visto que havia uma promessa da terra onde corre leite e mel, a terra da salvação-libertação que se cumpriria. Israel continua reinventando a páscoa em sua dimensão escatológica, consolidando a tradição da promessa do Messias salvador que se realizaria no futuro. Portanto, o memorial veterotestamentário possui, em sua essência, uma dimensão escatológica. Cristo cumpre em sua Ceia pascal o que esperava Israel, ou seja, o Messias salvador, em meio ao festim pascal inaugura a salvação definitiva. A salvação que aconteceria na cruz, Jesus antecipa sacramentalmente para o festim ritual da páscoa, cumprindo a esperança do povo judeu, que esperava o Messias escatológico no contexto Pascal. M. Naudeau afirma que não é de se admirar que Cristo tenha feito do memorial litúrgico israelita o seu memorial, “que ele nos deixe uma refeição, que significa ao mesmo tempo presente de despedida e promessa escatológica”. No Novo Testamento aparece também esta dimensão escatológica em relação à páscoa de Cristo que é alimento de esperança da Igreja, a perícope de 1 Cor 11, 26 afirma que: “Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha”. Portanto, há na teologia neotestamentária paulina um vínculo entre o memorial (anamnese) eucarístico e o conjunto da história da salvação. Um vínculo entre memorial e escatologia, em que, o acontecimento rememorado ritualmente na páscoa eucarística realiza-se no mandato memorial do Senhor na Ceia. Há na Ceia de Jesus, portanto, um momento retrospectivo (o cumprimento da esperança messiânica do Povo de Deus) e um momento prospectivo, pois lança para um “ainda não plenamente” realizado, em que, o Novo Povo de Deus permanece na esperança escatológica. A tensão entre o “já” e o “ainda não” aparece na teologia neotestamentária relacionada ao memorial eucarístico. No contexto da espera da realização definitiva da obra salvadora de Deus realizada em Cristo e no Espírito Santo, a Igreja celebra o memorial da páscoa de Cristo, em ação de graças (eucaristia), “até que ele venha”. Explicitando que a comunidade eclesial celebra a Eucaristia de forma petitiva, suplicando em cada liturgia: Marana tha – “Senhor, vem!”. Como evidenciam as perícopes neotestamentárias: 1 Cor 16, 22 e Ap 22,20, a comunidade orava na esperança da vinda do Senhor, de seu retorno escatológico. J. Tillard acerca do retorno escatológico afirma:

"Se, em Jesus, o acontecimento central da história sobreveio, a ponto de que a antiga transcenda em uma nova aliança, a comunidade apostólica sabe que, entretanto, não está tudo realizado. Ela espera o acontecimento final, que será, segundo a própria carta aos coríntios, o momento em que Cristo vai ‘entregar o reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo principado, toda autoridade, todo poder’ e, tendo destruído até a morte, ‘quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho submeterá àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos’ (1 Cor 15, 24-28). Será, diz Paulo, o dia da ressurreição final (1 Cor 15, 20-23). Na refeição do Senhor, também a comunidade cristã retoma o grande grito que desde as origens sobe para Deus. Seu Marana tha – ‘Senhor, vem’ – é a oração escatológica da páscoa de Israel, relida à luz da ressurreição do Senhor"21.  

 A Igreja, ao se reunir para celebrar a páscoa memorial do Senhor, anuncia na Eucaristia, a Páscoa plena dos últimos tempos, e clama oracionalmente pela vinda escatológica de Cristo. Em cada celebração Eucarística, a assembleia prorrompe aclamando uma das três previstas orações, das quais, duas evidenciam claramente a dimensão escatológica da Eucaristia: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”, ou “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”22. Celebrar, portanto a memória pascal de Cristo é também alimentar na assembleia, a esperança da páscoa definitiva, inserindo-se na esperança veterotestamentária que alimentava a expectativa messiânica do povo de Israel. Este inserir-se da esperança cristã na esperança do povo judaico é relido à luz do evento pascal-ressurrecional.

Considerações Finais

O termo zikkaron com suas implicações teológicas ilumina a teologia do memorial (anamnese) contido nas Anáforas, portanto a teologia litúrgica das Orações Eucarísticas, no que tange, a anamnese depende do zikkaron para melhor compreendê-las. As Orações Eucarísticas afirmam que se deve glorificar, exaltar, bendizer, ou seja, dar graças a Deus “sempre e em todo lugar”, contudo, J. Gopegui questiona como é possível realizar esta atitude de ação de graças. Para tanto, o mesmo Gopegui assegura que a resposta já havia sido dada na espiritualidade da berakah, tão cara à teologia veterotestamentária. Esta atitude de ação de graças atinge sua plenitude no culto cristão, como apresenta L. Maldonado23. Assim, assevera J. Gopegui:

"A Eucaristia é, como a berakáh, solene memorial ou zikkaron da história da salvação: memorial da morte e ressurreição de Jesus, centro e cume de toda essa história. Memorial das maravilhas de Deus na história conturbada da humanidade. Somente lembrando as Mirabilia Dei é possível manter em todo tempo e lugar a atitude interior de admiração que leva ao louvor. [...] O sentido mais frequente do ‘memorial’ na Escritura é este: Deus se lembra da Aliança, que é promessa de fidelidade"24.   

Este não é uma mera recordação, mas um rememorar em vista de atualizar a obra salvadora de Deus no hodie da celebração litúrgica. Assim, as palavras de Jesus ecoam na história da Igreja, num perene proclamar das Orações Eucarísticas: “Fazei isto em minha memória”

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1 1 Cor 11,25. 

2 O zikkaron nas perícopes veterotestamentárias: dirigindo-se a Deus, convidado a ‘lembrarse’ quer do povo que executa o rito, quer do gesto salvador que cumpriu outrora e cuja renovação permanente se impõe (Gn 8,1; 9,15; 19,29; 30,22; Ex 6,5; 28,12.29; 30,16; 39,7; Lv 2,2-9.16; 5,12-26; 6,8; 24,7; Nm 5,15-18; 17,5; 31,54; Sl 10,11; 13,2; Zc 6,14; Ml 3,16). O zikkaron dirige-se igualmente ao povo que deve ‘lembrar-se’ do gesto de Deus e de seu significado permanente (Ex 12,14; 13,9; 17,14; Lv 23,2; Nm 10,10; Dt 2,9; 8,11.14.18-19; 9,7; 24,17-19; 32,7; Js 4,6; Ecl 1,11; 2,16; Is 44,21).

3 Acerca do significado do termo zkr, assevera Enrico Mazza: “En outre, l’usage cultuel de zkr (mémorial) dans les sacrifices vétérotestamentaires est bien élogné du rite de la célébration eucharistique de l’Église; en effet, zkr designe la meilleure partie de La victime offerte à Dieu dans Le sacrofice vétérotestamentaire pour faire memória. Je ne vois aucun lien entre La meilleure partie de La victime sacriffée à Dieu em mémoire (zkr) et la phrase de Jésus à la dernière cène: ‘Faites cela em mémoire de moi’. Je ne vois pás non plus comment on peut dire que l’eucharistie a été instituée pour rappeler à Dieu de se souvenir de nous”. MAZZA, E. L’action Eucharistique. p. 19. 

4 NEUNHEUSER, B. Memorial, p. 727-728. 5 Notório é o que o rabi Gamaliel assevera acerca da relação entre memorial e atualização no hodie da história, segundo o mesmo, é que “De geração em geração, cada um de nós tem o dever de se considerar como se ele próprio tivesse saído do Egito [...]. Não são somente nossos pais que o Santo, bendito seja ele, libertou; mas a nós também ele libertou”. MISNAH. Pesahim X, 5

6 THURIAN, M. L’eucharistie. p. 27.

7 “Por ocasião da celebração da páscoa e mediante a celebração da páscoa, Javé atualiza e representa todo o ano a salvação ‘pascal’; exatamente como no ‘hoje’ da festa deuteronômica da renovação da aliança não se tratava de ‘evento puramente subjetivo – de um como se fosse sem fundamento objetivo’ – mas, de ‘atualização da aliança do Sinai que perdura pelos séculos’, ‘de modo semelhante a ação salvífica divina da libertação de Israel do Egito de certa maneira se renova continuamente na celebração da sua memória.” SCHILDENBERGER, J. Der Gedächtnischarakter des alt-und neutestamentlichen Pascha. p. 83, citado por NEUNHEUSER, B. Memorial, p. 729. 

8 TILLARD, J-M. L’eucharistie sacrement de l’Èglise communion. p. 441.

 9 NEUNHEUSER, B. Memorial, p. 727-728.

10 TILLARD, J-M. L’eucharistie sacrement de l’Èglise communion. p. 441. 

11 1 Cor 11,25.

12 GOPEGUI, J. Eukharistia. p. 269.

13 O memorial ou anamnese, segundo J.-J. Allmen, “[...] a evocação ritual de um acontecimento passado, para devolver-lhe a sua virtude primeira e, mais ainda, a inserção daqueles que fazem a anamnese no próprio acontecimento que a celebração comemora”. ALLMEN, J.-J. Essai sur Le repas Du Seigneur. p. 24. 

14 NADEAU, M. Une mémoire sans pareille: l’Eucharistie. p. 44.

15 RATZINGER, J. L’eucharistie est-elle un sacrifice? p. 74. 16 RATZINGER, J. L’eucharistie est-elle un sacrifice? p. 74. 

17 Ephapax é um termo grego que significa “de uma vez por todas”. Aparece 5 vezes no Novo Testamento (Rm 6,10; 1 Cor 15,6; Hb 7,27; 9,12; 10,10).

18 THURIAN, M. L’eucharistie. p. 36-37. 

19 KILMARTIN, E. La dernière cène et les premiers sacrifices eucharistiques de l’Église, p. 34. 

20 TILLARD, J-M. L’eucharistie, sacrement de l’espérance ecclésiale, p. 568.

21 TILLARD, J-M. L’eucharistie, sacrement de l’espérance ecclésiale, p. 444.

 22 MISSAL Romano. Respostas das Orações Eucarísticas proferidas após o relato da Instituição da Eucaristia.

23 MALDONADO, L. La plegaria eucarística 

24 GOPEGUI, J. Verdade e caminho da Igreja. p. 81-82.

Referências:

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Fernando Vanini de Maria



 

1 Comentários

  1. Os escritos de Justino Martir e Santo Inácio de Antioquia responde aos ataques proferidos contra a instituição da Eucaristia. Desde sempre esse foi o entendimento, o que foi instituído pelo próprio Senhor. Pelo fato de ser dito "fazei em memória" querem anular o "Isto é o meu corpo". Não me parece difícil compreender tudo isto, mas para muitos, a cegueira é puramente espiritual. Não estão abertos à verdade.

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