Conheça quais são os pecados capitais, como se desenvolveu o pensamento católico sobre o assunto e quais são as virtudes opostas a cada um.
Ainda que o homem conserve o desejo do bem em seu coração, a sua natureza está ferida pelo pecado. E um pecado sempre tem o poder de arrastar para outros, gerando vícios através da repetição de ações semelhantes.
Os pecados capitais fazem parte da reflexão moral e espiritual da tradição cristã. Ao longo dos séculos, esses vícios têm sido identificados como fontes de outros pecados e obstáculos no caminho da busca pela santidade. Por isso, neste artigo, você vai conhecer quais são eles e quais virtudes lhes são opostas, a fim de combatê-los.
O que é um pecado?

Ao refletir sobre o amor de Deus manifestado na cruz, somos convidados a reconhecer a imensidão de Sua misericórdia. Ele não nos abandonou à nossa sorte, mas nos ofereceu a oportunidade de reconciliação e de renovação. No entanto, para dar esse passo de conversão precisamos também entender o que é um pecado e reconhecer os nossos pecados — “A conversão exige a convicção do pecado e contém em si o juízo interior da consciência […]” 2
“O pecado é uma falta contra a razão, a verdade e a reta consciência. É uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens.” Por isso, ele pode ser uma palavra, um ato ou um desejo contrários à Lei eterna. 3 Além disso, pecar é ofender a Deus e isso afasta o nosso coração do dEle.
O pecado fere com a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Quando pecamos é como se nos revoltássemos contra a vontade de Deus e quiséssemos ser como deuses. 4 Santo Agostinho definia o pecado como “o amor de si mesmo levado até o desprezo de Deus. ” 4
Os pecados capitais
Para que possamos não somente compreender melhor, mas também superar tais dificuldades e nos aproximar novamente de Deus, a Igreja, que é mãe, nos oferece orientações valiosas por meio dos escritos dos santos ao longo do tempo. Conhecer os pecados capitais nos ajuda a entender melhor o que é um pecado e como combatê-lo.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, nº1866, os pecados capitais são assim chamados “porque são geradores doutros pecados e doutros vícios.” Em outras palavras, eles são como pilares que sustentam muitas outras formas de pecado. Cada um deles tem o potencial de corromper a nossa alma, afastando-nos da pureza e das virtudes que Deus deseja para nós.
Os sete pecados capitais
Confira nosso artigo completo sobre a Gula.
2. Avareza

3. Luxúria
4. Ira
5. Gula
Confira nosso artigo completo sobre a Gula.
6. Inveja
Confira nosso artigo completo sobre a Inveja.
7. Preguiça
Confira nosso artigo completo sobre a Preguiça.
O desenvolvimento do pensamento católico
Depois, Santo Agostinho, um dos mais influentes teólogos da Igreja Católica, expandiu essa discussão em sua obra “A Cidade de Deus”. Nela, ele discute extensivamente os pecados capitais e sua relação com a natureza humana corrompida pelo pecado original.

No século VI, São Gregório Magno foi um papa e teólogo — doutor da Igreja — que desempenhou um papel crucial na catalogação dos pecados capitais como conhecemos hoje. Ele listou os sete pecados capitais em sua obra “Moralia in Iob” (Morais sobre o Livro de Jó) e discutiu suas características e efeitos. Além disso, ele estabeleceu uma conexão entre os Pecados Capitais e as virtudes opostas, destacando a importância da virtude para superar os vícios.
Santo Tomás de Aquino, no século XIII, desenvolveu uma abordagem sistemática e aprofundada dos pecados capitais em sua obra “Summa Theologiae”. Ele analisou cada um em detalhes, descrevendo suas características e consequências. E também Santo Afonso Maria de Ligório, conhecido por sua obra “Teologia Moral”, abordou de maneira abrangente os Pecados Capitais, oferecendo orientações pastorais valiosas para evitar e combater tais pecados.
Além disso, outros teólogos, como São Bernardo de Claraval, São Francisco de Sales e Santa Teresa de Ávila, também contribuíram para o desenvolvimento do pensamento católico sobre os pecados capitais em seus escritos e pregações.
Todos buscaram aprofundar a compreensão dos vícios fundamentais que afetam a vida espiritual, identificando suas causas e efeitos e fornecendo orientações práticas para que os cristão de qualquer época possam combatê-los e buscar a santidade.
As virtudes opostas a cada pecado
A virtude oposta à soberba é a humildade. Esta virtude nos leva a reconhecer nossa dependência de Deus, admitindo que todas as nossas capacidades e realizações vêm Dele. A generosidade, por sua vez, combate a avareza. A virtude da generosidade leva a compartilhar bens materiais ou espirituais com os outros e culmina na oferta de si mesmo. A devoção ao doce e imaculado Coração de Maria pode estimular essa virtude.
A virtude da castidade combate a luxúria. É a virtude que governa e equilibra a sexualidade, direcionando-a para o fim ao qual foi criada. Além disso, está ligada à virtude cardeal da temperança, que busca harmonizar as paixões e os desejos sensíveis por meio da razão. Já a virtude oposta à ira é a paciência. Ela nos permite suportar as adversidades, as provações e as contrariedades com serenidade — ou melhor, sem nos alterarmos. Para castidade, recomendamos que conheça mais a Teologia do Corpo de São João Paulo II.
Oposta à gula é a temperança, “que modera a atracção dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados.” 9 A caridade, oposta à inveja, é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus. E a diligência, por fim, que se opõe à preguiça, nos impulsiona a agir com prontidão, esforço e perseverança em relação aos nossos deveres e responsabilidades.
Recorramos à intercessão de todos os santos que se dedicaram a estudar este tema para que hoje pudéssemos, através do conhecimento, dispor de meios eficazes contra aquilo que nos afasta de Deus. E que diante dos sofrimentos e das tentações possamos colocar em prática o exercício dessas virtudes, a fim de colaborarmos com a graça de Deus, que nos criou para uma vida santa.
Referências
- Rm 5, 8
- João Paulo II, Enc. Dominum et vivificantem
- CIC 1849
- CIC 1850
- Azevedo Jr., Paulo Ricardo de. Um olhar que cura: terapia das doenças espirituais. 15.ed. São Paulo: Editora Canção Nova, 2014, p.28
- CIC 2351
- CIC 2302
- CIC, 2359
- CIC 1809
